Tecnologias digitais na revista Veja: a construção de um futuro despotencializado
DOI :
https://doi.org/10.30962/ec.1007Résumé
O artigo busca analisar como o enunciador de Veja, a principal revista semanal brasileira, coloca em discurso o tema da tecnologia. O texto parte das seguintes hipóteses principais: a) em Veja predomina uma visão de mundo calcada no determinismo tecnológico; b) a tecnologia é discursivizada como uma estratégia para a construção de um futuro que, em síntese, tende a reproduzir as relações sociais do presente c) a tecnologia atua como despontencializadora das possibilidades de transformação social. A pesquisa aponta indícios claros no sentido de confirmar as hipóteses; de fato, Veja constrói uma visão apologética do desenvolvimento tecnológico que prefigura uma imagem determinista do futuro como desdobramento de um presente fechado ao "acontecimento", entendido no sentido de Alain Badiou. A análise discursiva, incidindo em dois momentos temáticos, aponta duas tendências principais: a) colonização do futuro: o futuro tecnológico é construído nas reportagens de capa (1968-2010) para legitimar relações hegemônicas codificadas (Feenberg) nos aparatos tecnológicos; b) despotencialização do acontecimento: a visão prefigurada do futuro congela a imprevisibilidade/acaso de um presente que poderia engendrar transformações políticas, operando uma sutura em lugar de ponto nodal (Laclau), que poderia ter efeitos disruptivos na ordem do capital. Conclui-se, assim, que o ponto de possível ruptura representado pela potencial da tecnologia é convertido em "ponto de tamponamento" (Žižek), a partir do qual o discurso do determinismo tecnológico reconstrói permanentemente o social pela lógica do Capital. O artigo aciona, como referencial teórico, as recentes tendências pós-estruturalistas da Análise do Discurso (Laclau), da Filosofia do Acontecimento (Badiou) e da Teoria Critica da tecnologia (Feenberg). Palavras-chaves: cibercultura; tecnologia; futuro; revista semanal; jornalismo; Veja.Téléchargements
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