Em face do mal
notas sobre Duch, o mestre das forjas do inferno
DOI:
https://doi.org/10.30962/ecomps.3060Palavras-chave:
Duch, Khmer Vermelho, Rithy PanhResumo
O artigo apresenta as aproximações filosóficas entre as figuras de Eichmann, a partir dos relatos de Hannah Arendt, e Duch, a partir das pesquisas de arquivo e das filmagens concebidas por Rithy Panh. É o conceito da banalidade do mal que apresentamos na primeira parte do ensaio, buscando apontar as questões de um modus operandi que atravessa esses dois perpetradores na maquinação dos respectivos extermínios de que participaram. Na segunda parte, o texto dedica-se à análise do documentário Duch, o mestre das forjas do inferno, refletindo sobre como esse gesto fílmico se torna um modo de revelar os segredos do perpetrador do Khmer Vermelho, por meio do trabalho de montagem junto aos arquivos da destruição.
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